quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

O desenho de soluções interativas

O desenho de soluções interativas deve ser precedido do levantamento de todos os requisitos envolvidos, podendo este ser mais ou menos complexo, de acordo com o tamanho e a complexidade destas.
Alguns requisitos a ter em conta:

  • definição da solução interativa a desenvolver;
  • caracterização do tipo de imersão pretendido;
  • avaliação, caracterização e suporte dos vários dispositivos a utilizar;
  • definição da capacidade de perceção dos movimentos do utilizador;
  •  avaliação de recursos e capacidades;
  • seleção das ferramentas a utilizar no desenvolvimento;
  • criação e edição de formas geométricas e texturas;
  • descrição da visão estereoscópica;
  • caracterização do hardware, do software e do suporte de rede;
  • modelação da ação física do sistema.


Para o desenho de soluções interativas no âmbito da realidade virtual é necessário envolver conhecimentos de diversas áreas, que permitam a modelação de objetos, a ligação de computadores em redes, a implementação de sistemas de processamento em tempo real e o desenvolvimento de programação orientada a objetos.



Ferramentas para a criação de soluções interativas:
  • DI-Guy, Gizmo3D, Virtus WalkThrough Pro, WorldToolKit para Windows, VRML, X3D, CAVELib, Google SketchUp, Unity, Blender, CryEngine.   

Como avaliar soluções interativas

As soluções interativas de realidade virtual têm como objetivo principal o envolvimento do utilizador interagindo num ambiente que não é real. Estas soluções necessitam de ser avaliadas, nomeadamente nos aspetos relacionados com as questões tecnológicas utilizadas, as alterações provocadas ao nível psicológico e social dos utilizadores e a qualidade da aplicação.

Desta forma, para avaliar estas soluções interativas, de uma forma mais completa e objetiva, analisam-se as seguintes características:

  • funcionamento dos dispositivos periféricos e a sua ergonomia;
  • qualidade gráfica dos ambientes virtuais e o seu realismo perante o olhar do utilizador;
  • contributo para a imersão do utilizador;
  • utilização adequada das cores;
  • aspetos visuais;
  • qualidade adequada do som;
  • qualidade da estimulação táctil e da perceção da força; 
  • funcionamento e objetivos da simulação;
  • outras características mais específicas relacionadas com a área ou o domínio em que se insere.

Tipos de interatividade

Os diferentes tipos de interatividade podem classificar-se em: linear, de suporte, hierárquica, sobre objetos, reflexiva, de hiperligação, de atualização e construtiva.

  • Linear → O utilizador pode definir o sentido da sequência das ações desenvolvidas no ambiente virtual, mas apenas acedendo à seguinte ou à precedente. Numa interação linear as ações são mais simples de gerar. Este tipo de interatividade desenvolve-se de forma reativa.
  • De suporte → O utilizador recebe do sistema apoio sobre o seu desempenho através de simples mensagens de ajuda a complexos manuais. Este tipo de interatividade desenvolve-se de forma reativa.
  • Hierárquica → O utilizador navega no sistema através de um conjunto predefinido de opções, podendo selecionar um trajeto. Este tipo de interatividade desenvolve-se de forma reativa.
  • Sobre objetos → O utilizador ativa objetos usando o rato ou um outro dispositivo apontador para obter respostas do sistema. Estes objetos alteram o seu funcionamento de acordo com determinados fatores, como o relacionamento entre objetos ou instruções predefinidas sobre a sua atividade e o seu desempenho. Este tipo de interatividade desenvolve-se de forma proativa.
  • Reflexiva → O sistema efetua perguntas que o utilizador responde. Este pode comparar as suas respostas com as de outros utilizadores ou com as de especialistas, permitindo, desta forma, uma reflexão sobre as mesmas. Este tipo de interatividade desenvolve-se desenvolve-se de forma proativa.
  • De hiperligação → O sistema define as ligações necessárias para garantir que o acesso aos seus elementos, por parte do utilizador, seja assegurado por todos os trajetos possíveis ou relevantes, criando um ambiente flexível. Este tipo de interatividade desenvolve-se de forma proativa. 
  • De atualização → A interatividade entre o sistema e o utilizador permite gerar conteúdos atualizados e individualizados em resposta às ações do utilizador. Este tipo de interatividade pode variar de um formato simples de perguntas e de respostas até formatos mais complexos que podem incorporar na sua construção componentes de inteligência artificial. Este tipo de interatividade desenvolve-se de forma proativa. 
  • Construtiva → O utilizador constrói um modelo a partir do manuseamento de objetos componentes deste, atingindo um objeto específico. Para tal, o utilizador tem de seguir uma sequência correta de ações para que a tarefa seja concluída. Este tipo de interatividade é uma extensão do tipo de interatividade de atualização e desenvolve-se de forma proativa.

Níveis segundo a ação sensorial

Segundo a ação sensorial, os níveis de interatividade classificam-se em elevada, média e baixa.

  • No nível de interatividade elevada, o utilizador está completamente imerso num ambiente virtual, onde são estimulados todos os seus sentidos.

(Exemplo: Simulador de realidade virtual)


  • No nível de interatividade média, apenas alguns sentidos do utilizador estão a ser utilizados e exerce um controlo limitado sobre o desenrolar da ação num ambiente virtual.

(Exemplo: Consola de jogos)

  • No nível de interatividade baixa, o utilizador não se sente como parte do ambiente virtual e apenas alguns dos seus sentidos estão a ser utilizados.

(Exemplo: Cinema)

Níveis segundo a relação Homem-máquina


Na relação Homem-máquina podem ser identificados os níveis de interatividade reativa, coativa e proativa.

  • No nível de interatividade reativa, o utilizador tem um controlo limitado sobre o conteúdo do ambiente virtual. A interação e o feedback são controlados pelo sistema e seguem um caminho pré-programado, ou seja, o sistema controla o desenrolar da ação dos utilizadores.

  • No nível de interatividade coativa, o utilizador tem o controlo da sequência, do ritmo e do estilo das ações desenvolvidas sobre o conteúdo do ambiente virtual.

  • No nível de interatividade proativa, o utilizador tem o controlo da estrutura e do conteúdo das ações desenvolvidas no ambiente virtual, ou seja, o utilizador controla dinamicamente o desenvolvimento do conteúdo deste.

Características ou componentes

A interatividade tem como características ou componentes:

  • a comunicação, que estabelece uma transmissão recíproca entre o utilizador e o sistema, através de dispositivos periféricos ligados ao sistema;
  • o feedback, que permite regular a manipulação dos objetos do ambiente virtual a partir dos estímulos sensoriais recebidos do sistema pelo utilizador;
  • o controlo e a resposta, que permitem ao sistema regular e atuar nos comportamentos dos objetos do ambiente virtual;
  • o tempo de resposta, que é o tempo que decorre entre a ação do utilizador sobre um dos objetos do ambiente virtual e a correspondente alteração criada pelo sistema;
  • a adaptabilidade, que é a capacidade que o sistema possui de alterar o ambiente virtual em função das ações do utilizador sobre os objetos deste.

Interatividade (conceito)

A interatividade num ambiente virtual consiste na possibilidade de o utilizador dar instruções  ao sistema através de ações afetuadas neste e nos seus objetos. O sistema, em função destas ações, transforma-se e adapta-se, criando novas situações ao utilizador.

O utilizador pode, por exemplo, movimentar-se num ambiente virtual 3D efetuando ações sobre os objetos que o compõem. A simples movimentação do utilizador vai implicar que o sistema tenha de gerar e atualizar as imagens do ambiente virtual correspondentes à nova perspetiva.